Como comunicador, não posso deixar de observar com preocupação, após o resultado das pesquisas, a maneira como a comunicação online tem assumido um protagonismo que, muitas vezes, ultrapassa a importância das propostas concretas e dos debates substanciais entre candidatos políticos.
Hoje, mais do que nunca, a estratégia como uma mensagem é transmitida parece superar o conteúdo real dessa mensagem. A política, que deveria ser o campo das ideias, da troca de visões de mundo e da busca por soluções para o bem comum, tem se tornado cada vez mais um espetáculo de narrativas minuciosamente construídas para manipular.
As redes sociais, em particular, amplificam essa tendência. Elas favorecem mensagens curtas, impactantes e facilmente compartilháveis, em detrimento de discursos longos e complexos que exigem reflexão. O perigo reside no fato de que a política, assim moldada, se afasta do debate público genuíno e se aproxima de uma batalha por atenção e aprovação instantâneas, onde a verdade e a profundidade cedem lugar à eficácia comunicativa.
Essa mudança de paradigma não deve ser subestimada. Quando a estratégia de comunicação se torna mais relevante do que as propostas, corremos o risco de escolher nossos líderes não pela qualidade de suas ideias, mas pela habilidade em manipular as ferramentas. Isso é profundamente preocupante, pois uma democracia saudável depende da capacidade dos eleitores de discernir, criticar e escolher com base em informações sólidas e debates nutritivos.
Portanto, é urgente que recuperemos o valor do conteúdo e do debate sério na política, antes que a forma engula de vez a substância, transformando a esfera pública em um mero palco para performances superficiais.
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